Monday, March 28, 2011

para flauta, violoncelo e sala


regresso aos teus olhos.
escuros como batalhas.
sem prosas, hoje respiro.
digo: ouço. (e perto,
lembro-me: escuros).


uma sala vazia é melhor.
para a ressonância:
do violoncelo, entendes?
hoje regresso a eles. sem
acentos, nem perguntas.
estendo-me no chão da casa


e recuo. deixo a vertigem
(várias) as estações (o próprio
tempo, se pudesse). digo:
ouço. saio da locomotiva
a meio do percurso. digo
que me sinto mal, e sento-me


longe dos aparelhos. regresso.
uma sala vazia é melhor. entro.
levo a mão direita dentro
do casaco. (lado esquerdo). o frio
repara nisso.


- Bruno Béu -

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